Pesquisas em Andamento

BREVE RESUMO DA PESQUISA

Título: Borges, Guimarães Rosa e a quarta dimensão

Responsável: Bairon Vélez Escallon

Descrição: o presente projeto visa fazer um estudo comparativo das obras de João Guimarães Rosa (1908-1967) e Jorge Luis Borges (1899-1986) à luz do interesse que ambos os escritores manifestaram, em momentos decisivos das suas carreiras literárias, pelas teorias da quarta dimensão. Como se tentará demonstrar ao longo do desenvolvimento da pesquisa, esse comum interesse coincide com as viradas “regionalistas” dos escritores, marca e acompanha a passagem de Rosa e Borges de um cosmopolitismo tout court para um cosmopolitismo situado, em que a pergunta pela identidade, longe de esmorecer, se robustece com as teorias contemporâneas do espaçotempo. A partir de um conjunto de textos paradigmáticos desses autores, este projeto também procura mostrar a maneira em que essas escrituras se relacionam com modelos cosmológicos: como esses modelos, demonstrar-se-á, essas escrituras não se apresentam como a representação de realidades dadas, mas como os seus arquivos, como corpus que recebem comoções dos seus espaço-tempos, para além de todo conteúdo conscientemente incorporado. Isso, entre outras coisas, implica num posicionamento crítico dessas escrituras a respeito dos protocolos de leitura associados à literatura latino-americana, pois um protocolo, como um modelo, fala muito mais do seu momento de produção que sobre aquilo que pretenderia representar, leva as dimensões do humano a um cosmos que inevitavelmente lhe escapa. Para além da compreensão da história como uma entidade dotada de sentido ou significação, e para além da compreensão do tempo como um desenvolvimento unilinear e evolucionário, as escrituras de Guimarães Rosa e Borges, cada uma delas de maneira singular, postulam uma temporalidade sem direcionalidade preferente, sempre dependente de marcos [ou sistemas] de referência que impedem a proposição de uma medida de valor universal para os fenômenos culturais. Não há, para essas escrituras, nem uma origem absoluta, nem um destino universal, mas apenas lugares de existência, e por isso devem ser consideradas como contribuições teóricas de imensa relevância para os dias atuais.